“Está em hum cabeço, breve braço da serra de Santa Marinha, donde se descobrem alguns montes mas povoação nenhuma.” É assim que o vigário Félix Borges, pároco da freguesia em 1758, localiza a Capela de N. S. da Conceição. Em resposta ao inquérito enviado a todas as paróquias e que veio a resultar no valiosíssimo documento para a nossa História que são as Memórias Paroquiais de 1758, o meticuloso padre informa ainda que esta capela tem “hum só altar” e “pertence aos moradores da freguezia que a andão reedificando a fundamentis, por se arruinar a antigua.”
Mais tarde, já no século XIX, é que se desenvolveu a enorme devoção à N. S. Aparecida que ainda hoje se traduz anualmente numa das mais autênticas e concorridas romarias do Norte. O culto a N. S. Aparecida teve origem no aparecimento milagroso duma imagem de Nossa Senhora sob uma lapa onde, em tempos, se havia abrigado um ermitão. Ao surgimento desta tradição não será, concerteza, alheia a proximidade e influência duma família de “brasileiros”. A devoção à N. S. Aparecida no Brasil remonta ao século XVIII. Muitos portugueses imigrados nesse país quando regressam à terra natal, para além da fortuna, traziam a veneração à santa.
José Augusto Vieira, famoso autor do Minho Pittoresco, editado em 1887, passou por Aparecida e registou uma conversa que teve com um tendeiro “republicano quasi, em teoria, mas votando com o visconde (…) por coisas… que elle lá sabe”. O tendeiro afirmava que durante a romaria o santuário rendia 400 mil reis, mas que só na festa se gastavam 300 mil. Sugeriu ainda que o autor deveria ficar para a procissão para ver “o que era festa e o que eram andores, como não havia em outra parte.
O conjunto formado pelas capelas da Senhora da Conceição e da Senhora Aparecida, ambas implantadas no sobranceiro monte, precedidas de imponente escadaria e rodeadas de frondoso jardim, obteve, recentemente, a designação e estatuto de Santuário de Nossa Senhora Aparecida, conferido pela diocese.