domingo, 3 de janeiro de 2010

CAPELA


A grande capela que hoje se pode admirar é o resultado de várias intervenções ao longo dos últimos séculos, mas a remodelação que lhe conferiu o aspecto actual poderá situar-se pelos finais da segunda metade do século XVIII. A devoção à N. S. da Conceição teve grande difusão em Portugal na segunda metade do século XVII. O rei Dom João IV, logo após a Restauração de Independência, declarou a santa Padroeira e Soberana de Portugal. A capela primitiva deverá, pois, remontar ainda ao século XVII.

O santuário é não só um centro devocional de grande importância, como também se constitui como um verdadeiro pólo cultural e patrimonial, para além de ser o miradouro, por excelência, do fecundo e buliçoso Vale do Sousa. O templo é o centro da grande romaria à Senhora Aparecida que, todos os anos, desde a segunda década do século XIX, traz milhares de pessoas a esta terra.

Santuario da Senhora Aparecida


“Está em hum cabeço, breve braço da serra de Santa Marinha, donde se descobrem alguns montes mas povoação nenhuma.” É assim que o vigário Félix Borges, pároco da freguesia em 1758, localiza a Capela de N. S. da Conceição. Em resposta ao inquérito enviado a todas as paróquias e que veio a resultar no valiosíssimo documento para a nossa História que são as Memórias Paroquiais de 1758, o meticuloso padre informa ainda que esta capela tem “hum só altar” e “pertence aos moradores da freguezia que a andão reedificando a fundamentis, por se arruinar a antigua.”


Mais tarde, já no século XIX, é que se desenvolveu a enorme devoção à N. S. Aparecida que ainda hoje se traduz anualmente numa das mais autênticas e concorridas romarias do Norte. O culto a N. S. Aparecida teve origem no aparecimento milagroso duma imagem de Nossa Senhora sob uma lapa onde, em tempos, se havia abrigado um ermitão. Ao surgimento desta tradição não será, concerteza, alheia a proximidade e influência duma família de “brasileiros”. A devoção à N. S. Aparecida no Brasil remonta ao século XVIII. Muitos portugueses imigrados nesse país quando regressam à terra natal, para além da fortuna, traziam a veneração à santa.
José Augusto Vieira, famoso autor do Minho Pittoresco, editado em 1887, passou por Aparecida e registou uma conversa que teve com um tendeiro “republicano quasi, em teoria, mas votando com o visconde (…) por coisas… que elle lá sabe”. O tendeiro afirmava que durante a romaria o santuário rendia 400 mil reis, mas que só na festa se gastavam 300 mil. Sugeriu ainda que o autor deveria ficar para a procissão para ver “o que era festa e o que eram andores, como não havia em outra parte.
O conjunto formado pelas capelas da Senhora da Conceição e da Senhora Aparecida, ambas implantadas no sobranceiro monte, precedidas de imponente escadaria e rodeadas de frondoso jardim, obteve, recentemente, a designação e estatuto de Santuário de Nossa Senhora Aparecida, conferido pela diocese.

HISTÓRIA DA FREGUESIA


Disposta sobre a encosta oeste da Serra da Cumieira e alongando-se até às margens férteis do Sousa, a freguesia de Torno, ou Aparecida, como é mais comummente reconhecida, oferece uma das mais belas e extensas visões do Vale do Sousa.
Em 1230, Gonçalo Mendes de Sousa depois de ter tomado a igreja desta freguesia restituiu-a ao mosteiro de Pombeiro. Este facto comprova o registo das Inquirições realizadas no reinado de D. Afonso III, em que os jurados referem que a igreja de "Sancti Felicis di Torno" era sufragânea do referido mosteiro, e que não tinha pároco a não ser o capelão do mosteiro.
D. Frei Amaro, 1º comendatário do mosteiro de Pombeiro, refugiou-se, por altura da peste, em São Fins, fazendo aí copiar a segunda doação dos fundadores do dito mosteiro.
Uma das muitas propriedades que o Cabido da Sé do Porto possuía era a Quinta da Torre, na freguesia de São Fins do Torno, propriedade que troca por uma "casal" na freguesia de Fânzeres em Gondomar.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, o pároco Félix António Borges, vigário adjunto, apresentado pelo D. Abade do mosteiro de Pombeiro, refere que a freguesia se encontra na Província do Minho, Arcebispado de Braga, pertencendo ao concelho de Unhão, comarca de Guimarães.